segunda-feira, 3 de agosto de 2015

INCIDENTE EM ANTARES – Érico Veríssimo


A professora Jane, minha professora no ensino médio, disse que o livro fedia, e o fez em tom de brincadeira, claro. Quem leu o livro
Minissérie da Globo
sabe que a minissérie não faz justiça à obra de Veríssimo. Achei a ideia central do livro, um “insight” de gênio. 


Sempre achei a ironia, o sarcasmo, marcas em suas obras. Em especial quando  falava das mazelas sociais, como a hipocrisia. Nesta obra temos uma cidade fictícia, mas próxima a São Borja, com duas famílias rivais e todo o necessário para se montar uma sociedade com suas moléstias: hipocrisia, rivalidade, inveja, fofoca, traições. A genialidade a que me refiro está no fato de um punhado de figurões falecerem e, devido a uma greve de coveiros, levantarem dos caixões e irem reclamar em praça pública. 

Até esse momento tudo bem, mas pensemos nós: quem melhor que um morto para dizer o que pensa sem sofrer por isso. Em outras palavras, qual o problema de contar uma traição em alto e bom som se você já está morto? Tecnicamente eles não estão mais na sociedade. 

Assim, a primeira parte descreve a cidade, com sua sociedade. A segunda parte do livro, descreve o evento fantástico de 13 de dezembro de 1963, que transforma os falecidos em mortos vivos que vão para a cidade e acabam por contar e discutir toda a hipocrisia social do local sem medo de represálias. Achei fantástico, foi um dos livros que precisei fechar para rir. Fico pensando se ocorresse hoje...

O livro não nos remete ao mau odor somente pela putrefação dos cadáveres (que aliás ocorria naturalmente durante a nova “vida” dos mortos), mas também pelos “podres” da sociedade de Antares.

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