Pensei bastante antes de
escrever sobre este livro, pois é bastante polêmico. O autor
é muito bom e bem conhecido, um vaticanista e correspondente
alemão no Vaticano. Acompanhou o dia-a-dia de diversos papas, entre eles Bento
XVI. É um dos jornalistas presentes na sala de imprensa quando Padre Lombardi promove as coletivas, levando as informações sobre a Santa Sé para o mundo,
como também o faz a brasileira Ilze Scamparini da Rede Globo.
Pois bem, o livro foi lançado logo
após e rapidamente após a renúncia
de Bento XVI e discorre basicamente sobre os acontecimentos políticos internos
da cúria romana que levaram, supostamente, ao acontecido. Sou católico, espectador de
documentários sobre papas e o Vaticano, além de ser um leitor vorás de tudo que se publica a
respeito. Já li três livros de Englisch e este considero o mais complicado para discorrer.
Segundo o autor, uma luta
de poder na Cúria (órgão responsável pela administração) atrapalhou as intensões do pontificado de Joseph Ratzinger, Bento XVI. Ainda segundo
o autor e concordando com ele, Ratzinger é uma pessoa doce e educada, com pouca
característica de imposição, como aqueles que gostam de delegar tarefas. E realmente, até os mais ferrenhos inimigos deste
Papa, sempre falam de sua timidez extrema (ver vídeo abaixo) e de sua educação.
Andreas atenta para essas características ao explicar que Bento XVI, cansado
dos escândalos internos, resolve abdicar ao posto.
No entanto, eu também acrescento que o agora Papa Emérito possui um aparelho de
assistência cardíaca (marcapasso), há mais de 10 anos, sem o
qual não poderia viver. Então, é cristalino que a idade também foi um fator
decisivo.
Durante o livro, Andreas
cita nome e sobrenome de cléricos que não o queriam lá. E escreve sobre o
“lobby gay” existente na Cúria e o chamado “Vatileaks”. Portanto, este é um livro que incomodou muitos católicos, mas não a mim. Conheço a Igreja Católica por dentro, há
muitos anos. Os homens nela, como eu, são falhos, mas Deus através do Espírito Santo, está sempre conosco. Além do mais, não será saindo da minha igreja que irei mudá-la.
Hans Küng |
Finalizando, sobre querer
ou não querer ser Papa, Ratzinger jamais desejou sê-lo.
Pediu aposentadoria por idade e pela saúde frágil, três vezes a João Paulo II (passou por um derrame antes disso), que nunca aceitou estes
argumentos. Ele até proferiu uma
frase, depois de ser eleito, para amigos: “quando eu vi que a guilhotina iria
cair sobre minha cabeça eu rezei, mas obviamente, Ele não me escutou”. Exato, ser
Papa é uma escravidão.
Muitos pensam que “eles” têm de
tudo e, realmente, são bem assessorados, entretanto, não possuem o principal:
liberdade na hora mais necessária, na velhice. Ratzinger sempre quis escrever, (poderoso teólogo, junto de Hans Küng, seu oponente mais ferrenho,
enfrentando o fim da vida, devido ao Parkinson), escutar Mozart, Bach e tocar
seu piano, além de ter um gato,é claro, como era seu
costume. Afinal, foram mais de 35 anos servindo ao Vaticano. E os que o conheciam, diziam: “o sino da igreja de São Pedro pode atrasar,
mas não o padre Ratzinger”, que caminhava pela praça e ia ao seu escritório na cúria, quando ainda Cardeal.
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