Primeiramente,
gostaria de chamar a atenção do leitor para o escritor. Dumas teve várias
características peculiares em sua vida. Apesar de ter morrido em 1870, somente
no bicentenário de sua morte foi sepultado
no panteão em Paris. Muitos não o sabem,
mas Dumas era filho de um grande
militar e de uma escrava, sendo portanto mulato. Nesta questão, reside grande
parte do preconceito que ocorreu com ele, mesmo após sua morte. Outra questão
que provavelmente deve ter influenciado o sepultamento tardio junto aos grandes
escritores, foram as dívidas no final da vida, enlouquecendo os 153 credores.
Túmulo no Panteão em Paris |
Alexandre Dumas |
Dumas
também teve muitos casos amorosos. Muitos. Teve quatro filhos, mas assumiu
somente dois, sendo um chamado de Alexandre Dumas filho, para evitar confusão.
Sobre a
obra, que achei fantástica, houve 10 filmes inspirados nela, sendo o primeiro
em 1918 e o último em 2002. Também foi feita uma série para a televisão em
1998. Além disso, o seriado “Revenge” (vingança), exibido no Brasil pela TV
GLOBO, foi inspirado no livro.
Resumidamente,
Edmond Dantès é preso injustamente em uma masmorra sem luz, através de um plano
arquitetado por um grupo de pessoas impregnadas de inveja. Lá, é esquecido pelo
procurador do rei propositalmente onde fica durante 14 anos, nos quais pensa
muito em tirar a própria vida. A história começa a
mudar quando conhece um
padre (companheiro de masmorra, mas não de cela) e aprende muitos
conhecimentos: línguas, matemática, filosofia, esgrima. Quando consegue a
liberdade, descobre na Ilha de Monte Cristo um tesouro inestimável, com
diamantes e muito ouro. Mais uma ajuda de seu amigo padre.
O encontro entre Edmond e o Padre. |
Com
fisionomia diferente da antiga, devido ao cárcere, o evadido se infiltra na
alta sociedade parisiense e começa um plano muito arquitetado para se vingar de
seus algozes. Autointitula-se Conde de Monte Cristo.
O livro é
enorme, a edição de 2008 (Editora Zahar) tem mais de meio quilo e 1376 páginas,
creio que devido ao modo de como foi publicado, em folhetins entre 1844 e 1846.
Este tipo de publicação também dá ao autor um “feedback” do público, o que
ajuda a lapidar o enredo. Também acredito que houve, por parte de Dumas e
Marquete, seu colaborador, uma boa edição, com bons cortes, uma vez que a
história do Conde no Oriente onde conhece uma bela grega, não aparece na obra.
Destaco
algumas marcações que fiz na obra:
“- É
típico dos espíritos fracos verem todas as coisas através do luto. É a alma que
desenha por si só seus horizontes. Sua alma está escura, é ela que lhe impõe um
céu tempestuoso.”
“ … não
existe nem felicidade nem infelicidade neste mundo, existe a comparação de uma
com a outra, só isso. Apenas aquele que atravessou o extremo infortúnio está
apto a sentir a extrema felicidade. É preciso ter desejado morrer, Maximilien,
para saber como é bom viver.”
“As
feridas morais têm essa particularidade: elas se escondem, mas não se fecham.
Sempre dolorosas, prontas a sangrar quando tocadas, elas permanecem vivas e
abertas no coração.”
A que eu
mais gosto (com um tom de ironia de Dumas):
“Enfim, uma
aplicação do ditado: Finge valorizar-te e serás valorizado, que é cem vezes
mais útil em nossa sociedade que o ditado grego: Conhece-te a ti mesmo,
substituído em nossos dias pela arte menos difícil e mais vantajosa de conhecer
os outros.”
Por fim,
ressalto a última frase do livro: “esperar e ter esperança”.
É um
romance, uma aventura, uma história de vingança, mas sobretudo, uma história de
resiliência e perseverança.
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