terça-feira, 25 de agosto de 2015

O CONDE DE MONTE CRISTO - Alexandre Dumas

Este livro me foi indicado por uma ex-aluna. Uma amiga agora, que gosta de ler e começou o curso de filosofia. Ser professor é ter estas coisas boas e interessantes, como conhecer pessoas que gostam de leitura e são bem avançadas até para sua idade. Obrigado Eduarda Brum Marquetto (Bast)
 
 
Primeiramente, gostaria de chamar a atenção do leitor para o escritor. Dumas teve várias características peculiares em sua vida. Apesar de ter morrido em 1870, somente no bicentenário de sua morte foi  sepultado no panteão em Paris. Muitos não o sabem,
Túmulo no Panteão em Paris
mas Dumas era filho de um grande militar e de uma escrava, sendo portanto mulato. Nesta questão, reside grande parte do preconceito que ocorreu com ele, mesmo após sua morte. Outra questão que provavelmente deve ter influenciado o sepultamento tardio junto aos grandes escritores, foram as dívidas no final da vida, enlouquecendo os 153 credores.
Alexandre Dumas
Dumas também teve muitos casos amorosos. Muitos. Teve quatro filhos, mas assumiu somente dois, sendo um chamado de Alexandre Dumas filho, para evitar confusão.
 
Sobre a obra, que achei fantástica, houve 10 filmes inspirados nela, sendo o primeiro em 1918 e o último em 2002. Também foi feita uma série para a televisão em 1998. Além disso, o seriado “Revenge” (vingança), exibido no Brasil pela TV GLOBO, foi inspirado no livro.
 
Resumidamente, Edmond Dantès é preso injustamente em uma masmorra sem luz, através de um plano arquitetado por um grupo de pessoas impregnadas de inveja. Lá, é esquecido pelo procurador do rei propositalmente onde fica durante 14 anos, nos quais pensa muito em tirar a própria vida. A história começa a
O encontro entre Edmond e o Padre.
mudar quando conhece um padre (companheiro de masmorra, mas não de cela) e aprende muitos conhecimentos: línguas, matemática, filosofia, esgrima. Quando consegue a liberdade, descobre na Ilha de Monte Cristo um tesouro inestimável, com diamantes e muito ouro. Mais uma ajuda de seu amigo padre.
 
Com fisionomia diferente da antiga, devido ao cárcere, o evadido se infiltra na alta sociedade parisiense e começa um plano muito arquitetado para se vingar de seus algozes. Autointitula-se Conde de Monte Cristo.

 
O Conde à Direita

O livro é enorme, a edição de 2008 (Editora Zahar) tem mais de meio quilo e 1376 páginas, creio que devido ao modo de como foi publicado, em folhetins entre 1844 e 1846. Este tipo de publicação também dá ao autor um “feedback” do público, o que ajuda a lapidar o enredo. Também acredito que houve, por parte de Dumas e Marquete, seu colaborador, uma boa edição, com bons cortes, uma vez que a história do Conde no Oriente onde conhece uma bela grega, não aparece na obra.

 
Destaco algumas marcações que fiz na obra:
 
“- É típico dos espíritos fracos verem todas as coisas através do luto. É a alma que desenha por si só seus horizontes. Sua alma está escura, é ela que lhe impõe um céu tempestuoso.”
 
“ … não existe nem felicidade nem infelicidade neste mundo, existe a comparação de uma com a outra, só isso. Apenas aquele que atravessou o extremo infortúnio está apto a sentir a extrema felicidade. É preciso ter desejado morrer, Maximilien, para saber como é bom viver.”
 
“As feridas morais têm essa particularidade: elas se escondem, mas não se fecham. Sempre dolorosas, prontas a sangrar quando tocadas, elas permanecem vivas e abertas no coração.”
 
A que eu mais gosto (com um tom de ironia de Dumas):
 
“Enfim, uma aplicação do ditado: Finge valorizar-te e serás valorizado, que é cem vezes mais útil em nossa sociedade que o ditado grego: Conhece-te a ti mesmo, substituído em nossos dias pela arte menos difícil e mais vantajosa de conhecer os outros.”
Por fim, ressalto a última frase do livro: “esperar e ter esperança”.
É um romance, uma aventura, uma história de vingança, mas sobretudo, uma história de resiliência e perseverança.

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