Certa vez, houve uma conversa minha com um Bispo Católico. Estávamos em seu escritório e discorríamos sobre assuntos diversos. Foi quando lhe contei que com 11 ou 13 anos fui convidado para ser sacerdote, que recusei, sentia o chamado para o sacerdócio, mas também sentia o chamado para o matrimônio. Disse-me o Bispo que com 27 eu poderia sê-lo ainda . Então discorri sobre minha vida, afinal já havia namorado, noivado, embora nunca tivesse casado.
Recomendou-me então que lesse Confissões, de Santo Agostinho. Agradeci a sugestão e comprei o livro. Tornamo-nos amigos. Trata-se de Dom Irineu Silvio Wilges , Agora Bispo Emérito de Cachoeira do Sul.
O livro foi escrito no século IV. É dividido em duas partes, sendo que a primeira relata sua vida desde a concepção até a conversão. Nessa parte temos um relato geral, os estudos “pagãos” e o interesse em filosofia. Depois estuda retórica e começa a seguir o maniqueísmo (doutrina que divide tudo entre o bem e o mau, Deus e o Diabo). Teve dois grandes relacionamentos, mas acabou por abandoná-los. Também foi professor de retórica. Experimentou um pouco de tudo na vida. Sua mãe, Santa Mônica, sempre rezava para o que o filho se convertesse ao Cristianismo e insistia para Agostinho fazê-lo.
Ao final do relato, o próprio Agostinho descreve o momento de sua conversão e passa então a viver em oração e a escrever. Sem dúvida alguma é um dos maiores doutores do Cristianismo. Foi Bispo também. O Papa Emérito Bento XVI (Joseph Ratzinger) é especializado em Agostinho.
O que senti neste livro é uma procura, por parte do autor, de um objetivo de vida, de um algo mais. E ele encontrou isso em sua conversão. Muitas vezes li Bento XVI dizendo que todo ser humano procura Deus, nasce com esta vontade. Esse livro ajuda a entender essa colocação de Bento XVI, pois foi o que Santo Agostinho acabou por fazer. E nós também. Uma conversão diária.
Da segunda parte do livro eu destaco o trecho onde ele fala sobre o passado, o futuro, o presente e a eternidade. Assunto que termina com uma explicação muito interessante sobre o que é o tempo para Deus.
"Na eternidade nada passa, tudo é presente, ao passo que o tempo nunca é todo presente."
Isso ajudou a mim entender o nome que Deus se deu: Jeová ou Javé (Eu sou aquele que é). Ou quando Jesus responde: “Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou! (Jo 8:58)”.
Outro trecho interessantíssimo:
"Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? E se pelo nome de céu e terra se compreendem todas as criaturas, responderei sem hesitação: Antes de criar o céu e a terra, Deus não fazia nada. Pois, se tivesses feito alguma coisa, o que poderia ser, senão uma criatura?"
Tenho dois livros de cabeceira, a Bíblia e este.
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