quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A NAUSEA – Jean-Paul Sartre



Quem gosta de ler obras de filosofia deve ter tido contato com Sartre (1905 -1980). Este escritor francês, com ideais políticos expressos com suas ações, é considerado filósofo representante do existencialismo.


Jean-Paul Sartre

O existencialismo foi inspirado nas obras de Arthur Schopenhauer, Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski e nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger e se caracteriza por um indivíduo que sofre uma desorientação e
confusão devido a um mundo sem sentido e absurdo. São temas constantes a solidão, o tédio, o silêncio. Existe um questionamento da existência humana, com ênfase no seu sentido e os atos humanos em si e seus propósitos. Mas uma coisa é importante salientar, nem todos estes filósofos existencialistas eram ateus. Dentre esses Kafka e Dostoiévski.



Segundo Sartre, a existência precede a essência. Primeiro existimos, depois nos definimos como essência e para isso adquirimos pontos de vista e convicções.



Em 1964 Sartre ganhou o prêmio Nobel de literatura, que recusou, causando escândalo na academia sueca. “Nenhum ser humano deve virar uma instituição”.

Jornal da época comentando a recusa do prêmio Nobel. 


A Náusea foi seu primeiro livro, escrito em 1938, enquanto ainda lecionava, parando de fazê-lo em 1943. Este livro me foi indicado por um companheiro de apartamento na época do mestrado. Por ser relativamente pequeno, achei que seria de rápida leitura. Equivoquei-me completamente. Geralmente quem não é filósofo e consegue terminar este livro, olha para mim com uma cara de ressaca, quando comento que gostei da obra.


Sim, o livro é monótono, é escrito na primeira pessoa, mas nos passa exatamente o que é o existencialismo. O protagonista, historiador, chamado Antoine Roquentin, está em uma cidade estranha para escrever uma biografia. Com o desenrolar da história o personagem começa a sentir um vazio existencial, tédio e uma sensação de que o ser humano existe sem grandes objetivos ou com objetivos absurdos, chama isso de A náusea.

O fato do livro ser em primeira pessoa, nos dá a dimensão do desespero sereno (se é que isto existe) de Roquentin. O livro leva o leitor a pensar sobre a condição humana, seus objetivos, sendo que juntamente com o personagem, acabamos vendo muitas atitudes humanas sem sentido e lembramo-nos de quando sentimos tédio. Quando eu era uma criança de seis anos e a corrida de F1 passava na TV, lembro de perguntar ao meu pai quanto tempo ainda iria demorar, mas o fazia só na expectativa de algo mais divertido para fazer, pois sentia um tédio enorme. Ah, não tenho nada para fazer dizia. Esta obra fez-me lembrar desta sensação, que volta e meia me acompanha.



Assim, pensamos todos na existência, pelo menos em algum momento da vida. Os absurdos dos ataques terroristas nos levam a pensar como filósofos existencialistas, pois qual será o objetivo da vida humana, e das atitudes humanas. Eis o existencialismo.  

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