Quem gosta de ler obras de filosofia deve ter tido contato
com Sartre (1905 -1980). Este escritor francês, com ideais políticos expressos com suas ações, é considerado
filósofo representante do existencialismo.
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Jean-Paul Sartre |
O existencialismo
foi inspirado nas obras de Arthur Schopenhauer, Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski e nos filósofos
alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl
e Martin Heidegger e se caracteriza
por um indivíduo que sofre uma desorientação e
confusão devido a um mundo sem
sentido e absurdo. São temas constantes a solidão, o tédio, o silêncio. Existe
um questionamento da existência humana, com ênfase no seu sentido e os atos
humanos em si e seus propósitos. Mas uma coisa é importante salientar, nem
todos estes filósofos existencialistas eram ateus. Dentre esses Kafka e
Dostoiévski.
Segundo Sartre, a existência precede a essência. Primeiro existimos, depois nos definimos como
essência e para
isso adquirimos pontos de vista e convicções.
Em 1964 Sartre ganhou o prêmio Nobel de literatura, que
recusou, causando escândalo
na academia sueca. “Nenhum ser humano deve virar uma instituição”.
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Jornal da época comentando a recusa do prêmio Nobel. |
A Náusea
foi seu primeiro livro, escrito em 1938, enquanto ainda lecionava, parando de fazê-lo em 1943. Este livro me foi indicado por um companheiro de apartamento na época do mestrado. Por
ser relativamente pequeno, achei que seria de rápida leitura. Equivoquei-me completamente.
Geralmente quem não
é filósofo e consegue terminar este livro,
olha para mim com uma cara de ressaca, quando
comento que gostei da obra.
Sim, o livro é monótono, é escrito
na primeira pessoa, mas nos passa exatamente o
que é o
existencialismo. O protagonista, historiador, chamado Antoine Roquentin, está em uma cidade estranha para escrever uma biografia.
Com o desenrolar da história
o personagem começa
a sentir um vazio existencial, tédio
e uma sensação de
que o ser humano existe sem grandes objetivos ou com objetivos absurdos, chama
isso de “A náusea”.
O fato do livro ser
em primeira pessoa, nos dá a dimensão
do desespero sereno (se é que
isto existe) de Roquentin. O livro leva o leitor a pensar sobre a condição humana, seus
objetivos, sendo que juntamente com o personagem, acabamos vendo muitas atitudes
humanas sem sentido e lembramo-nos de quando
sentimos tédio.
Quando eu era uma criança
de seis anos e a corrida de F1 passava na TV, lembro de perguntar ao meu pai
quanto tempo ainda iria demorar, mas o fazia só na expectativa de algo mais divertido para fazer,
pois sentia um tédio
enorme. “Ah, não tenho nada para
fazer” dizia.
Esta obra fez-me lembrar desta sensação, que volta e meia me acompanha.
Assim, pensamos todos na existência,
pelo menos em algum momento da vida. Os absurdos dos ataques terroristas nos levam a pensar como filósofos existencialistas, pois qual será o objetivo
da vida humana, e das atitudes humanas. Eis o existencialismo.