sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Gleen Gould (1932 - 1982)



Como setembro é o mês de aniversário de um dos maiores gênios musicais que o mundo já viu, me propus dedicar um post a ele. Mais do que a simples leitura, peço ao leitor que também escute um pouco de sua obra (abaixo).


Gould aprendeu piano com sua mãe. Com dez anos já cursava o Royal Conservatory of Music em Toronto, no Canadá. Sua primeira apresentação foi em 1945, com 13 anos. Em suas gravações não é incomum encontrar sua voz percorrendo a melodia. Ele também usava o mesmo banquinho de criança para tocar. Coisas de um excêntrico. 
Gleen Gould

Sem dúvida alguma, sua maior contribuição foi sua gravação das 30 variações de Goldberg, de Jhohann Sebastian Bach (1685-1750). Elas foram escritas por Bach em 1741, para o Conde Hermann
Conde Keyserling
Karl Von Keyserling. Feitas inicialmente para cravo, foram executadas para o conde por Johann Gottlieb Goldberg (1721 – 1756).
Goldberg
As variações de Goldberg podem ser ouvidas em todos os filmes da tetralogia Hannibal. Em um episódio do seriado Hannibal, o personagem toca os primeiros acordes em um cravo. Já no filme de 2000 o ator Antony Hopkins aparece tocando as primeiras variações ao piano.
Gould morreu jovem, em 1982, vítima de um acidente vascular encefálico hemorrágico.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

PAPILLON - Henri Charrière

Primeiramente considerada uma obra autobiográfica escrita pelo próprio Henri Charrière e eleita como uma das melhores histórias de aventura já contadas. Acredita-se que através de estudos realizados recentemente as fugas e as aventuras
foram na verdade uma compilação feita por Charrière, das protagonizadas por seus conhecidos de prisão. Além disso, existe a versão de que o autor se apropriou da história de René Belbenoite.


Realizei a leitura em 1997 quando me preparava para prestar vestibular na UFSM para o curso de Farmácia (22 por vaga na época). A obra ajudou-me a organizar meus estudos, pois me identifiquei com o personagem em alguns aspectos. Tinha uma rotina de estudos que, salvo o horário de alimentação, observava uma hora de leitura e dez minutos de sono, permanecendo mais de dez horas em um quarto de pensão para estudar.Tudo era muito regrado, como se fosse realmente uma espécie de prisão. Ajudou-me muito também na época, meu companheiro de quarto, que já iniciava o curso de medicina e hoje, é médico radiologista de muito prestígio (Dr. Rômulo Tonon).

Segundo Charrière, este fora preso injustamente por assassinato, na França da década de trinta e posteriormente enviado para a Guiana Francesa. O início da história é um pouco arrastado, mas ajuda o leitor a entrar no clima, quando o apenado, em prisão provisória, caminha de um lado a outro na cela, pensando em sua situação.

Papillon era assim chamado devido a uma borboleta tatuada no peito. Havia várias prisões na Guiana Francesa, em várias ilhas da península. Papillon fez várias tentativas de fuga da prisão e a mais interessante foi quando alcançou uma colônia de leprosos. Acabou sendo preso novamente e aí foi levado para a Ilha do Diabo, da qual ninguém jamais
Ilha do Diabo - Guiana Francesa
havia escapado, tendo em vista os rochedos e as ondas investindo contra estes com fúria. 

Papillon virou um mito na Guiana, de tal forma que os guardas o respeitavam. Charrière chegou a ficar anos em uma solitária e acabou sobrevivendo por que recebia um coco de quando em quando, desviado por um guarda. Também comia baratas. Em cada fuga, sua pena sofria um acréscimo. Então o leitor começa a pensar que ele realmente nunca sairia de lá.

Considero este livro um daqueles que todos têm a obrigação de ler. O exemplar que li, da década de 70, tinha 850 páginas e quando o fim se aproximava eu só fazia lamentar, pois a história é muito boa, e nos faz torcer pelo personagem. Também há o filme de 1973 com  Steve McQueen e  Dustin Hoffman.


Papillon ficou preso entre 1931-1945, quando conseguiu escapar. Sua pena prescreveu em 1967 e o livro o fez milionário. Todavia, morreu pobre em 1973, entregue à bebida, e de câncer na garganta. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A NAUSEA – Jean-Paul Sartre



Quem gosta de ler obras de filosofia deve ter tido contato com Sartre (1905 -1980). Este escritor francês, com ideais políticos expressos com suas ações, é considerado filósofo representante do existencialismo.


Jean-Paul Sartre

O existencialismo foi inspirado nas obras de Arthur Schopenhauer, Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski e nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger e se caracteriza por um indivíduo que sofre uma desorientação e
confusão devido a um mundo sem sentido e absurdo. São temas constantes a solidão, o tédio, o silêncio. Existe um questionamento da existência humana, com ênfase no seu sentido e os atos humanos em si e seus propósitos. Mas uma coisa é importante salientar, nem todos estes filósofos existencialistas eram ateus. Dentre esses Kafka e Dostoiévski.



Segundo Sartre, a existência precede a essência. Primeiro existimos, depois nos definimos como essência e para isso adquirimos pontos de vista e convicções.



Em 1964 Sartre ganhou o prêmio Nobel de literatura, que recusou, causando escândalo na academia sueca. “Nenhum ser humano deve virar uma instituição”.

Jornal da época comentando a recusa do prêmio Nobel. 


A Náusea foi seu primeiro livro, escrito em 1938, enquanto ainda lecionava, parando de fazê-lo em 1943. Este livro me foi indicado por um companheiro de apartamento na época do mestrado. Por ser relativamente pequeno, achei que seria de rápida leitura. Equivoquei-me completamente. Geralmente quem não é filósofo e consegue terminar este livro, olha para mim com uma cara de ressaca, quando comento que gostei da obra.


Sim, o livro é monótono, é escrito na primeira pessoa, mas nos passa exatamente o que é o existencialismo. O protagonista, historiador, chamado Antoine Roquentin, está em uma cidade estranha para escrever uma biografia. Com o desenrolar da história o personagem começa a sentir um vazio existencial, tédio e uma sensação de que o ser humano existe sem grandes objetivos ou com objetivos absurdos, chama isso de A náusea.

O fato do livro ser em primeira pessoa, nos dá a dimensão do desespero sereno (se é que isto existe) de Roquentin. O livro leva o leitor a pensar sobre a condição humana, seus objetivos, sendo que juntamente com o personagem, acabamos vendo muitas atitudes humanas sem sentido e lembramo-nos de quando sentimos tédio. Quando eu era uma criança de seis anos e a corrida de F1 passava na TV, lembro de perguntar ao meu pai quanto tempo ainda iria demorar, mas o fazia só na expectativa de algo mais divertido para fazer, pois sentia um tédio enorme. Ah, não tenho nada para fazer dizia. Esta obra fez-me lembrar desta sensação, que volta e meia me acompanha.



Assim, pensamos todos na existência, pelo menos em algum momento da vida. Os absurdos dos ataques terroristas nos levam a pensar como filósofos existencialistas, pois qual será o objetivo da vida humana, e das atitudes humanas. Eis o existencialismo.