sábado, 18 de fevereiro de 2017

Fé no mundo ou no Reino?

Poucas pessoas sabem. Mas um padre possui duas faculdades. Duas! Filosofia e Teologia. São nove anos de preparação para, muitas vezes, fieis comentarem que vão na missa por que o padre é “bom”. É cristalino que estas pessoas vão a missa para buscar uma coisa para si, AQUI. 

Não para louvar, pedir perdão e agradecer. A missa não é um trabalho de autoajuda... Para isso existem alguns autores de fácil leitura e letras grandes.

A alguns dias me deparei com uma propaganda onde se... dizia: o que você vai pedir hoje?
Esta frase expressa claramente o quanto somos cheios deste mundo e de nós mesmos. Queremos algo de Deus para nós. Todos os dias. E os que poderiam evitar esta propaganda permitem isso...

De que adianta recebermos graças neste mundo quando a vida plena está em, justamente, se libertar deste mundo. Um mundo de dominação, humilhação, exploração. Resolveremos isso pedindo uma graça para si? Não! Resolveremos isso dando testemunho de que podemos viver neste mundo, mas não de acordo com ele. E isso não obriga ninguém a ter um partido político. Nem em ser ortodoxo ou não.

Somos irmãos em Cristo. Crendo nele, somos irmãos. Ser cristão é se posicionar, sem medo. O único medo que devemos ter é de não estar fazendo o que Deus deseja.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Por um fio - Drauzio Varella


Este livro foi um dos melhores que li. O autor é um infectologista e oncologista e por muito tempo trabalhou nas duas áreas. Fez cursos no exterior, pesquisa. Mas o que mais me impressionou no Drauzio foi sua humanidade com os pacientes terminais. Esta obra conta um pouco das histórias ao longo de sua profissão. Não vou contar o livro, mas três histórias interessantes, para que o leitor do blog possa julgar se deseja ler ou não. 

Primeiro.

Um senhor de 80 anos é diagnosticado com câncer e necessitaria de um procedimento que deixaria um orifício em sua traqueia para respirar. Ele prontamente disse que não passaria seus últimos dias desta maneira. Os médicos então o desenganaram. No entanto, o autor recomendou um procedimento experimental. Após o procedimento o paciente não só ficou melhor, como morreu com 88 anos, dormindo. 


Segundo.
Um senhor foi diagnosticado com câncer de pulmão. O cirurgião não quis retirar por que estava bastante atrelado aos vasos sanguíneos. A família pediu ao médico que não contasse para ele. Disseram então que era um fungo e começaram o tratamento. No fim de um dia de trabalho, Drauzio recebeu uma visita. Era o paciente. Ele disse para não contar à família que ele sabia que era câncer. Então ficou a família mentindo para ele e ele mentindo para a família. Após um ano, nas suas últimas horas, com a família ao seu lado, no oxigênio, o autor foi perguntar se estava confortável. Ele disse que sim, tirou a máscara e falou: eita fungo brabo doutor, e riu. Morreu pela manhã do outro dia. 

Terceiro.
Um paciente com HIV (tempo onde só existia o AZT) não respondia mais ao tratamento. Estava com infecções recorrentes no pulmão e provavelmente morreria em uma semana. Drauzio foi em um evento nos Estados Unidos onde encontrou o pesquisador que testava o novo coquetel de drogas para a doença. Pediu que incluísse
todos os pacientes dele e foi atendido. O paciente não só se recuperou como está vivo até hoje. 

Bom, são histórias interessantes, uma após a outra. 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Meus Amigos.... Por Núbia Lermen



    Meus amigos!
    Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade sanidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. 

    Meus amigos são todos assim:metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sér...ios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos, malas, nem pensar....que jamais colocam um ponto final na trajetória da vida, e sim, muitas vírgulas. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa. 

    Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão muito imbecil. Quero amigos que não têm medo de viajar sozinhos, pois alçar voo é preciso. Quero amigos à frente de um batalhão de um só soldado e com a espada em punho, se acham o HE MAN. ( isto é para a geração mais experiente....) 

    Quero amigos que façam do Face uma rotina saudável e não um "castigo" como acontecia um tempo atrás aí na minha terrinha. E é por tudo isto, que estou de volta, sem pressa...pois já corri muito. Mas acima de tudo, quero viver e aproveitar todas.... 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

OS MISTÉRIOS DO PAPA WOJTYLA - RENZO ALLEGRI

Este é um belo livro. Um tanto quanto místico, sendo que, evidentemente, os que gostam de uma leitura mais espiritual, centrada nas características misteriosas e divinas que envolveram a vida deste Santo, irão gostar muito.

A história de João Paulo II desde seu nascimento é longa. Logo, se impõe ao autor uma maneira de deixar o leitor mais confortável. Simplesmente seguir a ordem cronológica dos acontecimentos seria enfadonho. Allegri então não seguiu uma ordem, mas temas.

Abordou, os números do papado, o terceiro segredo de Fátima e sua possível relação com o Sumo Pontífice, a questão da segunda guerra e depois o comunismo na Polônia. O encontro com o Padre Pio e sua profecia sobre o futuro papa, a questão da austeridade em que o então padre vivia, a vida como professor, como ator, o movimento com os jovens, as viagens de caiaque pelos lagos com os jovens, escondidos dos comunistas, o Concílio Vaticano II e sua eleição.
 

Posteriormente, o autor não foca nas inúmeras viagens, no comunismo, e nas questões polícias e econômicas. Detém-se nas coisas místicas que ocorreram em seu pontificado após o atentado.









sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Gleen Gould (1932 - 1982)



Como setembro é o mês de aniversário de um dos maiores gênios musicais que o mundo já viu, me propus dedicar um post a ele. Mais do que a simples leitura, peço ao leitor que também escute um pouco de sua obra (abaixo).


Gould aprendeu piano com sua mãe. Com dez anos já cursava o Royal Conservatory of Music em Toronto, no Canadá. Sua primeira apresentação foi em 1945, com 13 anos. Em suas gravações não é incomum encontrar sua voz percorrendo a melodia. Ele também usava o mesmo banquinho de criança para tocar. Coisas de um excêntrico. 
Gleen Gould

Sem dúvida alguma, sua maior contribuição foi sua gravação das 30 variações de Goldberg, de Jhohann Sebastian Bach (1685-1750). Elas foram escritas por Bach em 1741, para o Conde Hermann
Conde Keyserling
Karl Von Keyserling. Feitas inicialmente para cravo, foram executadas para o conde por Johann Gottlieb Goldberg (1721 – 1756).
Goldberg
As variações de Goldberg podem ser ouvidas em todos os filmes da tetralogia Hannibal. Em um episódio do seriado Hannibal, o personagem toca os primeiros acordes em um cravo. Já no filme de 2000 o ator Antony Hopkins aparece tocando as primeiras variações ao piano.
Gould morreu jovem, em 1982, vítima de um acidente vascular encefálico hemorrágico.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

PAPILLON - Henri Charrière

Primeiramente considerada uma obra autobiográfica escrita pelo próprio Henri Charrière e eleita como uma das melhores histórias de aventura já contadas. Acredita-se que através de estudos realizados recentemente as fugas e as aventuras
foram na verdade uma compilação feita por Charrière, das protagonizadas por seus conhecidos de prisão. Além disso, existe a versão de que o autor se apropriou da história de René Belbenoite.


Realizei a leitura em 1997 quando me preparava para prestar vestibular na UFSM para o curso de Farmácia (22 por vaga na época). A obra ajudou-me a organizar meus estudos, pois me identifiquei com o personagem em alguns aspectos. Tinha uma rotina de estudos que, salvo o horário de alimentação, observava uma hora de leitura e dez minutos de sono, permanecendo mais de dez horas em um quarto de pensão para estudar.Tudo era muito regrado, como se fosse realmente uma espécie de prisão. Ajudou-me muito também na época, meu companheiro de quarto, que já iniciava o curso de medicina e hoje, é médico radiologista de muito prestígio (Dr. Rômulo Tonon).

Segundo Charrière, este fora preso injustamente por assassinato, na França da década de trinta e posteriormente enviado para a Guiana Francesa. O início da história é um pouco arrastado, mas ajuda o leitor a entrar no clima, quando o apenado, em prisão provisória, caminha de um lado a outro na cela, pensando em sua situação.

Papillon era assim chamado devido a uma borboleta tatuada no peito. Havia várias prisões na Guiana Francesa, em várias ilhas da península. Papillon fez várias tentativas de fuga da prisão e a mais interessante foi quando alcançou uma colônia de leprosos. Acabou sendo preso novamente e aí foi levado para a Ilha do Diabo, da qual ninguém jamais
Ilha do Diabo - Guiana Francesa
havia escapado, tendo em vista os rochedos e as ondas investindo contra estes com fúria. 

Papillon virou um mito na Guiana, de tal forma que os guardas o respeitavam. Charrière chegou a ficar anos em uma solitária e acabou sobrevivendo por que recebia um coco de quando em quando, desviado por um guarda. Também comia baratas. Em cada fuga, sua pena sofria um acréscimo. Então o leitor começa a pensar que ele realmente nunca sairia de lá.

Considero este livro um daqueles que todos têm a obrigação de ler. O exemplar que li, da década de 70, tinha 850 páginas e quando o fim se aproximava eu só fazia lamentar, pois a história é muito boa, e nos faz torcer pelo personagem. Também há o filme de 1973 com  Steve McQueen e  Dustin Hoffman.


Papillon ficou preso entre 1931-1945, quando conseguiu escapar. Sua pena prescreveu em 1967 e o livro o fez milionário. Todavia, morreu pobre em 1973, entregue à bebida, e de câncer na garganta. 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A NAUSEA – Jean-Paul Sartre



Quem gosta de ler obras de filosofia deve ter tido contato com Sartre (1905 -1980). Este escritor francês, com ideais políticos expressos com suas ações, é considerado filósofo representante do existencialismo.


Jean-Paul Sartre

O existencialismo foi inspirado nas obras de Arthur Schopenhauer, Søren Kierkegaard, Fiódor Dostoiévski e nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger e se caracteriza por um indivíduo que sofre uma desorientação e
confusão devido a um mundo sem sentido e absurdo. São temas constantes a solidão, o tédio, o silêncio. Existe um questionamento da existência humana, com ênfase no seu sentido e os atos humanos em si e seus propósitos. Mas uma coisa é importante salientar, nem todos estes filósofos existencialistas eram ateus. Dentre esses Kafka e Dostoiévski.



Segundo Sartre, a existência precede a essência. Primeiro existimos, depois nos definimos como essência e para isso adquirimos pontos de vista e convicções.



Em 1964 Sartre ganhou o prêmio Nobel de literatura, que recusou, causando escândalo na academia sueca. “Nenhum ser humano deve virar uma instituição”.

Jornal da época comentando a recusa do prêmio Nobel. 


A Náusea foi seu primeiro livro, escrito em 1938, enquanto ainda lecionava, parando de fazê-lo em 1943. Este livro me foi indicado por um companheiro de apartamento na época do mestrado. Por ser relativamente pequeno, achei que seria de rápida leitura. Equivoquei-me completamente. Geralmente quem não é filósofo e consegue terminar este livro, olha para mim com uma cara de ressaca, quando comento que gostei da obra.


Sim, o livro é monótono, é escrito na primeira pessoa, mas nos passa exatamente o que é o existencialismo. O protagonista, historiador, chamado Antoine Roquentin, está em uma cidade estranha para escrever uma biografia. Com o desenrolar da história o personagem começa a sentir um vazio existencial, tédio e uma sensação de que o ser humano existe sem grandes objetivos ou com objetivos absurdos, chama isso de A náusea.

O fato do livro ser em primeira pessoa, nos dá a dimensão do desespero sereno (se é que isto existe) de Roquentin. O livro leva o leitor a pensar sobre a condição humana, seus objetivos, sendo que juntamente com o personagem, acabamos vendo muitas atitudes humanas sem sentido e lembramo-nos de quando sentimos tédio. Quando eu era uma criança de seis anos e a corrida de F1 passava na TV, lembro de perguntar ao meu pai quanto tempo ainda iria demorar, mas o fazia só na expectativa de algo mais divertido para fazer, pois sentia um tédio enorme. Ah, não tenho nada para fazer dizia. Esta obra fez-me lembrar desta sensação, que volta e meia me acompanha.



Assim, pensamos todos na existência, pelo menos em algum momento da vida. Os absurdos dos ataques terroristas nos levam a pensar como filósofos existencialistas, pois qual será o objetivo da vida humana, e das atitudes humanas. Eis o existencialismo.