sexta-feira, 31 de julho de 2015

EISTIEN, SUA VIDA, SEU UNIVERSO - Walter Isaacson



Isaacson não precisa de muita apresentação. Ele fez a famosa biografia de Steven Jobs, que eu não consegui terminar. O fato é que Isaacson, em minha opinião, exagera em detalhes que muitas vezes fazem o leitor desejar avançar manualmente o capítulo, coisa que abomino.

Mas esta biografia de Einstein eu gostei muito. Ela foi construída a partir das cartas trocadas entre ele e as personalidades do meio científico da época, na maioria futuros laureados com o prêmio Nobel, como Max Planck, como Niels Bohr e Marie Curie. Também há cartas trocadas entre ele e sua mulher, Mileva (que era manca), além de sua amante, Elsa.

Fiquei impressionado com a quantidade de cartas trocadas diariamente. Certamente muito maior que os e-mails, que trocamos atualmente. E mesmo quem não gosta de física (o que não é o meu caso), acaba por se render às explicações do autor sobre as descobertas iniciais dessa mente prodigiosa. 

Não conseguindo emprego, foi trabalhar em uma empresa de patentes e em seu escritório, em casa, fora de horário, escreveu os primeiros artigos sobre a teoria da relatividade.

Neste livro aprendemos que Einstein era uma pessoa de vida comum, com vida social agradável (adorava serões e jantares), com problemas familiares (um filho Esquizofrênico, outra filha da qual não se tem notícia) e sobretudo, uma história de amor, pela física e por sua prima Elsa. Isso desmistifica um pouco a vida desse grande cientista. Uma característica curiosa, ele era um grande questionador das autoridades, o que lhe rendeu problemas com seus professores.  

Fato interessante, provavelmente pouco conhecido, é o caso de seu divórcio com Mileva. Para conseguir consentimento desta, ofereceu o dinheiro do prêmio Nobel, mesmo sem tê-lo ainda não havia ganho. Quando contemplado, mandou prontamente o dinheiro para ela.

Em relação à religião, flertou com várias, mas acabou por acreditar em um Deus com características que ele mesmo definiu. Assim, não era ateu como se diz.

O livro também discorre sobre uma coisa um tanto quanto bizarra. Após sua morte (aneurisma de aorta), seu cérebro foi retirado e repartido para estudo, evidentemente sem consentimento. O que se descobriu? O cérebro normal de um senhor de 75 anos. Creio que sua genialidade é fruto de sua mente, não de sua neurofisiologia.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

O PRÊMIO - Irving Wallace

Wallace demorou 15 anos para lançar este livro e foi duas vezes a Estocolmo buscar subsídios, já que boa parte da história aí se passa. Contou com a ajuda de muitas pessoas e sugeriu algumas obras para os leitores. O livro então foi lançado em 1963. 

A maioria dos livros de Wallace obedece a um roteiro, com uma parte ficcional e outra real, fruto de profundo estudo. O assunto deste livro é o Prêmio Nobel, distribuído todos os anos. Alfred Nobel, inventor da dinamite, morreu em 1897, deixando uma grande fortuna e ordenou que parte dela deveria ser usada para laurear as pessoas, através da criação de um fundo. E assim, desde 1901, a cada ano (com algumas exceções), são laureados escritores, políticos, cientistas e pessoas em geral.

Eu aprendi muito sobre o prêmio Nobel com este livro. Nos primeiros capítulos, um a um, ele conta um pouco da história de cada laureado até a notícia do recebimento do prêmio. É a parte ficcional. Andrew Craig (literatura) vive atormentado e abusando do álcool pois acha que foi responsável pela morte da mulher, fato ocorrido em um acidente de automóvel. O professor Stratman (química), possui problemas cardíacos e foi desencorajado por seu médico a viajar para Estocolmo, mas o fez assim mesmo. Os Drs. John Garret e Carlo Farelli (medicina) têm uma disputa sobre quem realmente fez a descoberta premiada. Já o casal Denise e Claude Marceau (física) enfrentavam problemas conjugais. 

Então, capítulo após capítulo, vamos conhecendo os personagens e imaginando como seria o encontro e a interação entre eles nos cerimoniais.

A parte real, a história do prêmio Nobel é contada pelo personagem anfitrião da cerimônia, o Conde Bertil Jacobsson. Esse bondoso senhor discorre aos convidados, explicando tudo sobre a fundação criada há mais de um século.


Em suma, é um um livro onde aprendemos e nos divertimos. Existe drama, romance, mas também muita informação e aprendizado. Recomento muito a leitura dos livros do Sr. Wallace. 


quarta-feira, 29 de julho de 2015

JOÃO PAULO II (BIOGRAFIA) - Bernard Lecomte


Adorei este livro. Ele conta a história de Karol Wojtyla desde seu nascimento em 1920 até 2003. A pesquisa foi bastante apurada e a biografia não foi organizada em ordem cronológica. Ela foi organizada em temas.


O autor não só relata fatos interessantes sobre a vida deste líder cristão como também interpreta muitos acontecimentos. Além disso, o escritor nos dá uma boa noção da administração da Igreja Católica. É um livro que prende a atenção do leitor e nos dá ânimo, mostrando a vida de um eterno otimista.

O livro tem um capítulo que mostra um dia na vida do papa João Paulo II, surpreendeu-me a rotina puxada e as poucas horas de sono, inclusive quando o parkinson já estava avançado. 

O livro contém fotos de vários períodos da vida de João Paulo II e uma descrição bastante detalhada da escolha de Karol Wojtyla para ser sucessor de São Pedro em 1978. Se faz importante dizer que quando o livro foi lançado e quando eu o li, o papa ainda vivia. Eu dava aulas na ULBRA - Campus Cachoeira e o capelão do campus, então Eliseu Teichmann, fez questão de ler o livro, além de fazer alguns destaques e  tecer comentários. 


As muitas curiosidades da vida desse homem, abordadas de maneira séria, nos faz refletir sobre a providência divina em nossa vida. É uma injeção de esperança para nós, que vivemos em um mundo cada vez mais frio e competitivo. Vale a pena.

sábado, 25 de julho de 2015

O APANHADOR NO CAMPO DE CENTEIO – J. D. Salinger

O interesse por esse livro surgiu quando eu soube que o assassino de John Lennon (Mark David Chapman) e o homem que atirou no presidente Ronald Reagan (John Hinckley Jr.) possuíam o livro e relacionaram seus atos a ele.
O livro foi considerado um marco na literatura. Algumas análises dizem que ele ajudou a expressar melhor ou até mesmo criar o termo adolescência. Ao lado uma música do Guns n' Roses baseada no livro. 
O autor é J. D. Salinger, foi lançado em 1965. No livro, um adolescente (Holden Caulfield) fica bastante confuso. Estuda em um colégio interno e tirou notas muito ruins, sendo expulso do mesmo. Então volta mais cedo para casa; no caminho passa por uma torrente de sentimentos como: medo da reação dos pais, o objetivo de sua vida, o que foi sua vida até aquele momento. Ele então visita algumas pessoas, dentre elas um professor que oferece um lugar para dormir (acorda no meio da noite com o professor acariciando sua cabeça e foge). Também procura uma antiga namorada. Tudo para tentar se encontrar.
O livro todo é de uma melancolia típica da adolescência. O leitor sente a desânimo do protagonista e de certa forma, participa dele. A exclamação “Pombas! ” é utilizada diversas vezes.
Eu confesso que li esse livro há mais de 12 anos, por isso prefiro escrever sobre o que senti dele e não fazer uma sinopse.
Existem muitas situações nas quais esse jovem passa antes do fim do livro. Mas todas estão mergulhadas em um sentimento de tédio e melancolia. É interessante dizer que toda situação ocorre durante um final de semana a caminho de casa.


Sobre a relação com a morte de Lennon e o atentado a Reagan (ao lado), existem muitas teorias, mas isso é outra história. Eu particularmente não consegui ver nenhuma ligação. Quem sabe o livro não despertou um maior desespero nestes dois criminosos desequilibrados? 

O VELHO E O MAR – Ernest Hemingway

Eu li dois livros de Ernest Hemingway, mas estou procurando uma biografia boa (dele) para ler. Encanta-me este homem. Os dois livros que li apresentam um certo ar de melancolia, o mesmo que senti ao ler o “Apanhador no campo de centeio” de Jerome D. Salinger. Hemingway viveu sempre no limite: bebida, mulheres, caça, pesca. Adorava touradas. Viveu boa parte de sua vida em Cuba. Seu pai suicidou-se. Hemingway, quando ficou velho, doente, já com lapsos de memória, não teve dúvidas, suicidou-se com um rifle de caça. Mas vamos ao livro.

Hemingway ganhou o Nobel com este livro, em especial pela maneira de narrar a história. Mais importante que a história em si, é o que ela nos passa. Um velho marinheiro fisga um espadarte gigante e luta com ele durante dias. O autor discorre da luta do peixe e do pescador e da relação que se estabelece entre os dois. O pescador enfrenta o sol forte, bolhas nas mãos. Não vou contar o final, mas adianto que ele arrasta o peixe para a costa.

O livro em si nos faz pensar sobre perseverança. Mas o final do livro nos leva a pergunta: nossa vida é uma questão de sorte ou acaso? Será possível perseverar sem sorte? É um livro de poucas páginas, mas muito interessante. Acredito que a jornada de cada um contém um aspecto da luta entre o velho e o peixe, o velho e a natureza, o velho e o mar.